4 de julho de 2016

A segunda vinda de Cristo à luz das Escrituras

Sermão ministrado na Igreja Cristã Despertar da Graça em 18/05/2016

“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também”.
(João 14.1-3)

Antes de abordar necessariamente o assunto proposto, peço licença, paciência e permissão aos estudiosos e interpretes das Escrituras, aos teólogos profissionais e/ou vocacionados e também aos leitores em geral da Bíblia, para registrar o importante contexto que antecede aos versículos bíblicos acima mencionados. Contexto este registrado pelo apóstolo e discípulo amado de Cristo: João, no capítulo 13 do evangelho que leva o seu nome.

Através do registro joanino, percebemos que os discípulos estavam completamente aflitos e angustiados com as três péssimas noticias que acabaram de receber da boca do próprio Jesus. A primeira delas, aquela que deixou Cristo “turbado” (agitado, perturbado), segundo João, era que um dos doze escolhidos, era o traidor. (v.21)

Imediatamente, após mencionar uma traição previamente vaticinada (v.18), Cristo adverte aos seus discípulos, aqueles a quem amou até o fim (v.1), que era chegado o momento onde ele seria entregue nas mãos dos pecadores, escarnecido, injuriado, açoitado, afligido e assassinado (Ver Lucas 9.44; 18.31-34).

Para finalizar a lista de ‘péssimas’ noticias transmitidas aos discípulos num mesmo dia, Cristo testifica oficialmente que Pedro (que instantes atrás afirmara que daria a sua vida por ele) o negaria por três vezes, antes do canto do galo. (v.38)

A luz das Escrituras sabe-se que aquele foi o dia da traição, da agonia no Getsêmani, do suor transformado em sangue, da prisão de Cristo, do opróbrio, da negação de Pedro e do abandono dos discípulos. Todavia, é neste cenário conturbado, e geograficamente no cenáculo em Jerusalém, que Cristo concede aos discípulos palavras de consolo, conforto e esperança: “Não se turbe o vosso coração...”.

Cristo ao aconselhar: “não permita que toda esta situação os aflija” (Bíblia A Mensagem), na verdade estavam ordenando os seus discípulos a não ficarem aflitos, inquietos, desassossegados, entrementes, ansiosos diante de tudo o que estava acontecendo e daquilo que ainda aconteceria.

Um dos primeiros estudos que ministrei na Igreja Cristã Despertar da Graça, falava que Cristo esperava que os seus seguidores não andassem ansiosos por causa alguma. Utilizando uma linguagem humana, podemos dizer que na vida de cristão, a ansiedade pode até parecer normal, entretanto, ela nunca será legitima, pois, Cristo afirma que são os ímpios que andam ansiosos. (Mateus 6.32) Trocando em miúdos, na vida do cristão andar ansioso é sinônimo de andar em pecado!


Quando se lança o olhar sobre as Escrituras, verifica-se que muitas personagens da Bíblia tinham motivos aparentes para serem carcomidos pela ansiedade. Para exemplificar, permita-me recorrer a Jó, um justo que no mesmo dia perdeu: bois, ovelhas, camelos e todos os seus filhos. Este triste dia foi registrado da seguinte maneira por Eugene Peterson:

Algum tempo depois, enquanto os filhos de Jó estavam reunidos na casa do mais velho em mais uma de suas festas, um mensageiro veio correndo a Jó dizer: “Os bois estavam arando a terra, e os burros, pastando no campo perto de nós, quando os sabeus atacaram. Roubaram os animais e mataram todos os trabalhadores. Fui o único a sobreviver para contar o que aconteceu”.
O homem ainda estava falando, quando outro mensageiro chegou e disse: “Raios caíram do céu e fulminaram as ovelhas e os pastores. Fui o único a sobreviver para contar o que aconteceu”.
Ele ainda não havia acabado de falar, quando outro mensageiro chegou com a notícia: “Três grupos de caldeus vieram e atacaram os camelos e massacraram os peões. Fui o único a sobreviver para contar o que aconteceu”.
Enquanto ele ainda falava, outro mensageiro chegou: “Seus filhos estavam numa festa na casa do irmão mais velho quando um furacão veio do deserto e destruiu a casa toda. Os jovens foram atingidos e morreram. Fui o único a sobreviver para contar o que aconteceu”. (Jó 1: 13-19 - Bíblia A Mensagem)

Através das Escrituras, percebe-se que Jó mesmo diante de tantas notícias catastróficas, ele não se abateu, não foi afligido por ansiedade, mas, antes: se levantou, rasgou a própria roupa, rapou a cabeça e se jogou no chão. Ali, prostrado, louvou a Deus: Nu saí do ventre da minha mãe, nu retornarei ao seio da terra. O Eterno dá, o Eterno tira. O nome de Deus seja louvado para sempre”. (Jó 1: 20,21 - Bíblia A Mensagem) Repetindo as mesmas palavras de Eugene Peterson: “Mesmo atingido por tanta desgraça, Jó não pecou nem culpou Deus de nada. (v.22)


Semelhantemente a Jó, pode-se citar a viúva que foi pedir ajuda ao profeta Eliseu. Essa mulher tinha motivos aparentes também de sobra para estar ansiosa, pois, além de perder o marido, ela herdou uma divida e por causa dela estava na iminência de perder os seus dois filhos. (2 Reis 4.1)

Entretanto, acredito que ninguém mais do que o Cristo, tinha motivos aparentes para estar ansioso. Pense comigo, ele nasceu, cresceu e viveu sabendo o dia que morreria e como morreria. Cristo veio a terra, cumprir uma missão já predeterminada pelo Pai. Ele sabia que seria preso, açoitado, afligido, escarniado, traído, negado, abandonado e acima de tudo, sabia que experimentaria a ira de Deus, porque mesmo não tendo pecado, “o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”. (2 Coríntios 5.21)

É nessa situação angustiante, sabendo que a hora de morrer havia chegado que Cristo assevera, procurando acalmar o coração dos discípulos dizendo: “Não se turbe o vosso coração”. E não parou por ai, foi nessa mesma hora que ele tornou a falar acerca de sua segunda vinda: “E, quando eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também”.

Dito isto, passamos a falar propriamente agora, acerca da segunda vinda de Cristo.

Ponderações necessárias:
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1.    Não tenho a pretensão de esgotar o assunto e nem conseguirei responder a todos os questionamentos acerca da segunda vinda de Cristo, entretanto, afirmo que esta doutrina é um dos pilares da fé cristã.

2.    A segunda vinda de Cristo é certa ► É de meu conhecimento, que muitos homens e mulheres da atualidade não aceitam a verdade da segunda vinda de Cristo. Muitos teólogos e até mesmo pastores estão vociferando que o ensino da segunda vinda de Cristo é uma utopia. Infelizmente, a incredulidade faz com que tais pessoas, acreditem somente naquilo em que querem acreditar. Na verdade, muitos quando não gostam ou não conseguem conceber uma coisa, procuram emitir uma explicação qualquer, apenas com a finalidade de eliminar aquilo que os incomoda.

Confesso que me causa espanto, perceber que muitos “cristãos” acreditam em tudo o que é noticiado nos meios de comunicação que, diga de passagem, são meras palavras e opiniões de homens falíveis, todavia, por outro lado, se recusam em acreditar na infalível e poderosa Palavra de Deus.

3.    O apóstolo Pedro afirma que muitos religiosos dos tempos de Cristo falharam em distinguir entre as profecias que relatavam sua "primeira vinda" e aquelas que relatavam a sua "segunda vinda”. Em sua primeira carta esta confusão foi relatada da seguinte maneira:

“Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os {ou as paixões} sofrimentos que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir”. (1Pe 1.10,11)

Através das Escrituras entendemos que em sua primeira vinda, Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29), porém, no segundo advento, Jesus virá como o Leão da tribo de Judá que “venceu para abrir o livro e os seus sete selos” (Ap 5.5). Na sua primeira vinda, Jesus ganhou uma coroa de espinhos (Mt 27.29), entretanto, no segundo advento ele terá uma coroa de ouro (Ap 14.14). Na sua primeira vinda, Jesus teve na mão o cajado do bom pastor; todavia, na segunda, Ele terá na mão uma foice afiada (Ap 14.14).

Na sua primeira vinda, como homem Ele morreu para nossa "JUSTIFICAÇÃO". Três dias depois, ele ressuscitou e agora, vive à destra de Deus para nossa "SANTIFICAÇÃO", e na sua segunda vinda, ele virá como um Rei, e será para a nossa “SALVAÇÃO” "GLORIFICAÇÃO".

Sobre esta verdade no que diz respeito a sua segunda vinda, o escritor aos Hebreus admoestou: “assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”. (9.28)

4.    A segunda vinda de Cristo será o cumprimento de inúmeras profecias bíblicas ► Profetas no A.T, o próprio Cristo, os apóstolos e até mesmo seres celestiais predisseram a segunda vinda. Vejamos alguns textos separadamente:

a)    A profecia no Antigo Testamento

Daniel 7. 13,14 - Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino, o único que não será destruído.

b)    O testemunho do próprio Cristo

Mateus 16. 27 – "Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras". 

Mateus 24. 30, NVI - “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória” (Mt 24.30, NVI).

Mateus 25. 31,32 – "E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas". 

João 14. 2,3 – "Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também". 


c)    O testemunho de seres celestiais

Atos 1. 10,11 – "E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? ESSE JESUS, que dentre vós foi recebido em cima no céu, HÁ DE VIR ASSIM como para o céu o vistes ir". 

d)    O testemunho dos apóstolos

PAULO - "Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas". Filipenses 3:20-21. 

"Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo". Tito 2:13. 

"Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação". Hebreus 9:28. 

TIAGO - "Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor". Tiago 5:7. 

PEDRO - "Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade".  II Pedro 1:16. 

Pedro se refere à transfiguração de Cristo no monte (Mateus 17:1-5), que foi um tipo de Sua Segunda Vinda. Moisés foi um tipo da "ressurreição dos santos", e Elias dos que devem ser levados para o céu sem morrer. Pedro, Tiago e João foram um tipo do remanescente judeu que deverá vê-Lo quando Ele vier, e os discípulos restantes no sopé do monte, incapazes de expulsar o demônio do menino, aqueles professos seguidores de Jesus que serão deixados para trás no arrebatamento, e que serão incapazes de expulsar os demônios das pessoas possessas durante esse período. 

JUDAS - "E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos; Para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele". Judas 14:15. 

JOÃO - "E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos por ele na sua vinda". I João 2: 28. 
"Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém". Apocalipse 1:7. 

e)    O testemunho da Ceia do Senhor

"Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha". I Coríntios 11: 26. 

A Ceia do Senhor não é uma ordenança permanente. Ela será interrompida quando o Senhor voltar. É um memorial. Ela remete para a "Cruz" e aponta para a "Vinda". Um anel de noivado não se destina a ser permanente. É simplesmente uma promessa de amor mútuo e lealdade, e dá lugar ao anel de casamento. Então, a Mesa do Senhor pode ser vista como um compromisso de noivado deixado para a Igreja durante a ausência de seu noivo. 

Paulo em todas as suas epístolas refere-se 13 vezes ao batismo, enquanto que a volta do Senhor 50 vezes. Um verso em cada 30 no Novo Testamento refere-se a Segunda Vinda de Cristo. Há 20 vezes mais referências no Antigo Testamento para a Segunda Vinda de Cristo do que Sua Primeira Vinda. 

5.    Segundo João Calvino, na segunda carta aos tessalonicenses, o apóstolo Paulo enfatiza que a segunda vinda de Cristo também será uma vingança para aqueles que não conhecem a Deus e para os que não obedecem aos seus mandamentos. (2 Ts 1:8) O mesmo Calvino, afirmava que a não obediência ao Evangelho é na verdade uma declaração de guerra contra Deus.


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