26 de dezembro de 2008

Deus e o futebol


A irmã Iraci Ribeiro do blog Administração do estresse, postou em meu blog o seguinte comentário:

Bem não sei bem se esse é lugar certo... mas misturar Deus com futebol...socoroooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!!!!

"Não ameis o mundo e nem o que há no mundo... se alguém mesmo que for um pastor amar o que tem o mundo (e ama ao ponto de fazer disso assunto de seu blog)... o amor do pai não está NELE....

O MUNDO TEM SEU CURSO....e não definitivamente não estamos nele....
Sinto muito, não precisa publicar o comentário.. mesmo porque acho que não teria coragem de publicá-lo. Paz.



Prezada irmã Iraci,

Seu comentário, ou melhor seu desafio (já que você nem reservou espaço para saudações e, ainda duvidou da minha coragem de publicá-lo) chegou em boa hora, pois graças a Deus, um dos objetivos de meu blog está sendo alcançado: “trazer para debate temas que andam mexendo com a ‘espiritualidade’ de alguns”.

Em primeiro lugar, desejo paz sobre sua vida, e graça, aquele favor imerecido que recebemos de Deus.

Após ler e reler o seu comentário, visitei os seus ‘blogs’, e pude concluir que a irmã é uma jovem senhora afoita, querendo fazer, ou comentar algo, mas sem saber direito o quê e, como fazê-lo. Infelizmente, pude também concluir que em tão poucas linhas, a irmã cometeu vários erros, dentre os quais, quero destacar:

a. ERRO DE POSTAGEM
b. ERRO DE JUGAMENTOS PRÉCIPITADO

Quanto ao erro de postagem, a irmã disse: “Bem não sei bem se esse é lugar certo...”, pois é, não era o lugar certo. A irmã deveria ter postado o comentário no final do artigo: Livrai-nos da segunda divisão ou livrai-nos da superstição? e não no final da página, pois aquele artigo fala da diferença entre pastores e domadores, e não de futebol! entretanto este fato é irrelevante.

Quanto aos erros de julgamento, a irmã cometeu pelo menos três:
1. Acusou-me de misturar Deus com futebol:
2. Acusou-me de não ter o amor do Pai (erro hermenêutico)
3. Acusou-me de não ter coragem de publicar o seu comentário

A respeito de tais erros, vamos por parte:

Quem misturou Deus com o futebol foi o autor do livro que citei; creio que a irmã deveria ter lido todo o artigo antes de fazer estas observações infundadas e incoerentes. Foi ele e não eu que disse: “O resultado do jogo foi três a zero! Um gol para o Pai, um gol para o Filho e um gol para o Espírito Santo de Deus!”. E, “Para nós, o dia do jogo foi, com certeza, o dia em que o Senhor vestiu a camisa do nosso time!”

O fato de gostar do futebol, não significa que estou ‘amando’ o que está no mundo, além do mais, aprendi com a bíblia que tudo tem o seu tempo determinado, e assim como a tempo para orar, ler a bíblia, jejuar, etc, há tempo também para descansar, brincar com o meu filho e, porquê não, acompanhar uma partida de futebol pela televisão.

Querida irmã, pude observar no seu perfil (no blog Administração do Stress) que a senhora gosta de filmes, por isto, pergunto: - Qual a diferença entre assistir a um bom filme e acompanhar uma partida de futebol? Será que uma das coisas é mais santa do que a outra? Ou será que pelo simples fato de não gostar de futebol, a irmã condena e ‘coloca’ no inferno aqueles que gostam?

Amada, dizem que se conselho fosse bom, ninguém dava, mas vendia! No entanto, quero me atrever a lhe dar um: - Jogue este legalismo fora e siga a seguinte recomendação paulina: “O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come” - RM 14:3; contextualizando... se não gostas de futebol, não condene quem gosta. É muito feio e acima de tudo anticristão sair por ai jogando pedras e condenando pessoas a bel prazer, lembre-se do adágio: Você está em casa alheia, e na casa dos outros não devemos nos meter!

Infelizmente, a irmã não é a única que pensa assim; existem alguns círculos evangélicos que classificam a pratica de esportes como mundana. Os membros são proibidos de praticarem qualquer atividade lúdica. Para estes, qualquer entretenimento é taxado de carnal. O legalismo é tão cruel que desenvolve nos seus adeptos uma concepção rancorosa de Deus, um Ser que na verdade é um grande estraga-prazeres, que arbitrariamente nega e condena toda atividade divertida. Concernente a isto, veja o que o pr. Ricardo Gondim em seu livro É Proibido diz:

“Sei de muitos jovens que hoje vivem longe de suas igrejas e totalmente indiferentes à mensagem do evangelho porque sofreram exclusões e disciplinas públicas quando foram vistas usando calças compridas, um colar ou até mesmo brincos. Muitas vezes um jogo de futebol entre crianças ou soltar pipas ocasionam 45 minutos de repreensão do pastor. Em determinadas igrejas, raramente o sermão expõe a Bíblia, pois quase sempre começa com um versículo e acaba tratando do que pode e do que não pode. Alguns ficariam estarrecidos com o número de pessoas que sai pela porta dos fundos de suas igrejas, rejeitando e odiando o cristianismo, devido a esse rigor legalista sobre usos e costumes”...

Esse jugo pesado, quando não aliena, gera também uma outra excrescência: a hipocrisia. Existem muitos que se acomodam ao sistema religioso e mostram-se coerentes com as exigências do pastor somente quando estão na igreja. Longe da fiscalização religiosa, porém, vivem noutra realidade. Esse largo contingente de evangélicos conseguiu desenvolver uma duplicidade comportamental. Na esfera privada agem e convivem com mais liberdade, brincam e riem, vestem-se de acordo com as últimas novidades da moda. Mas, quando vão à igreja, passam por uma metamorfose impressionante. Assumem um ar mais grave. Agem dentro do ambiente religioso de acordo com os códigos impostos pela liderança, mas com revolta. A cada palavra dita no púlpito, haverá sempre um árduo exercício de decodificação. Como defesa, desprezam os sermões legalistas que ouvem. O jugo apregoado não lhes diz respeito. Vivem uma espécie de hipocrisia involuntária, que os agride”.

Portanto, Iraci, a irmã deveria ler mais a Bíblia, julgar menos e ler livros como:

- É Proibido: O que a Bíblia permite e a igreja proíbe – Ricardo Gondim
- Chega de Regras: Descubra a liberdade que há em Deus – Larry Crabb
- O Despertar da Graça – Charles R. Swindoll
- Como ser cristão sem ser religioso – Fritz Ridenour

Em segundo lugar, a irmã me acusou de não possuir o amor do Pai, e este, além de ter sido um erro de julgamento precipitado, é um erro gravíssimo de hermenêutica, pois o contexto deste texto faz menção à: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, e não a gostar ou não de algum lazer. Conseqüentemente, creio que a senhora deveria largar um pouco os livros de auto-ajuda e concentrar mais na essência da Palavra de Deus. E por falar em auto-ajuda, pude ver em seus blogs, que a irmã há mais de 18 anos ministra palestras nesta área, o que para mim é insignificante, pois os seres humanos não necessitam de auto-ajuda, mas sim, da ajuda do auto, todavia, isto é assunto para um outro artigo que estou escrevendo.

Finalmente, a irmã me acusou de não ter coragem em publicar o seu comentário, pois é, novamente a irmã errou, pois além de publicar estou lhe dando a devida replica. E por falar nisto, qualquer pessoa pode comentar meus artigos, tanto no blog, quanto no orkut, e isto sem passar por minha aprovação, ou seja, o comentário é publicado instantaneamente. Não fico bloqueando as mensagens que não gosto como alguns fazem. Gosto de ser elogiado, mas também gosto de ser confrontado, e quando sou, não fujo de um bom debate.

No mais,

Que a graça de Deus sempre superabunde em sua vida!

Pr. Sylas

18 de dezembro de 2008

1ª Vigília Interdenominacional Aviva BH!


No próximo sábado (20 de dezembro / 2008) às 23:00hs, acontecerá (querendo Deus) a 1ª Vigilia interdenominacional - Aviva BH.
Venha participar e agradecer a Deus pelos benefícios concedidos por Ele a você neste ano!
Já estão confirmados vários pastores, cantores e denominações, a expectativa dos idealizadores é que o evento reuna entre 1000 a 1500 pessoas.
Será inesquecivél!
Buscai ao Senhor enquanto se pode achar!!!!!!!!!!!!!!

5 de dezembro de 2008

Livrai-nos da segunda divisão ou livrai-nos da superstição?

(Sylas de Souza Neves) em 05/12/2008

Quem nunca ouviu em nosso país a exclamação de que Deus é brasileiro! Pois é, este brado pode ser ouvido em quase todos os ‘quatro’ cantos da ‘pátria amada Brasil’, desde as mesas de bares até as mesas parlamentares. Embora ‘repleta’ de humor, este clamor revela entre outras coisas, a religiosidade do povo brasileiro. Sem sombras de dúvidas ‘somos’ religiosos e, segundo fontes fidedignas “98% dos brasileiros acreditam em Deus ou pelo menos admitem sua existência[1]”.

Muitas vezes, nossos ‘conterrâneos’ desenvolvem a sua religiosidade de maneira mística e porque não dizer ‘curiosa’ e, infelizmente, tais coisas, são facilmente notadas até mesmo dentro de muitas igrejas ‘evangélicas’. É lamentável ver um “cristão” depositar a fé em: galhos de arruda, trevo de quatro folhas, ferraduras na porta de casa, copos com água em cima do rádio e / ou televisão, amuletos, bíblia aberta no salmo 91, etc. As superstições levam o individuo a uma idolatria generalizada, pois, os supersticiosos tendem a acreditar em tudo, menos na palavra de Deus.

Que o brasileiro é religioso, não resta dúvida, porém, além de possuir uma vasta ‘espiritualidade’, nosso povo, ou melhor, uma grande parte dele é apaixonada pelo futebol. Nos orgulhamos de ter o ‘melhor’ futebol do mundo, a única seleção pentacampeã, os melhores craques da história (Garrincha, Pelé, Reinaldo, Zico, Tostão, etc), dentre outras coisas. O futebol é algo ‘apaixonante’ e nivelador, pois, nele estão inseridos: ricos, pobres, pretos, brancos, homens, mulheres, etc.

Como brasileiro, desde pequeno aprendi a gostar do futebol e, ainda criança me ‘encantei’ com a torcida do Atlético Mineiro: – sofredora, mas sonhadora, idealista e fiel. Quando adolescente, fugi de um evangelismo de domingo à tarde, e fui parar no ‘caldeirão’ alvinegro, quando me dei por conta, estava totalmente ‘idolatrado’ pelo Galo das Minas Gerais; comprei camisas, bandeiras, bonés, pôsteres, shorts, cd’s, etc, e sempre gravava em fitas k7, os gols do Galo narrados pela excepcional voz do locutor: Willy Fritz Gonser da rádio Itatiaia.

Devido à imensa ‘paixão’ que tinha pelo Atlético, passei cerca 7 anos no curso de pré-batismo e não me batizei, pois, me sentia indigno de participar da Santa Ceia do Senhor, procurei primeiro me despojar do velho homem, corrompido pela concupiscência do engano, e somente depois de ‘colocar’ Jesus em primeiro lugar é que desci às águas batismais, e dei fim aquele monte de amuletos que carregava como torcedor.

Hoje, uma década depois, ainda gosto de ver o Atlético jogar (se é que ele não faz isto há muito tempo), todavia, não deixo as coisas de Deus por causa de um jogo, não fico triste e nem nervoso por causa de uma derrota; graças a Deus as coisas velhas passaram e tudo se fez novo.

No ano de 2004, o Clube Atlético Mineiro escapou de cair para a 2ª divisão do brasileiro na ultima rodada do campeonato, e este fato, além de ter gerado na ‘massa’ um grande alivio, deu origem ao livro intitulado: Livrai-nos da 2ª divisão do Pr. Toninho Campos (Vide Imagem), livreto que trás na capa os seguintes disseres: “Como a ação de Deus impediu a maior tragédia dos 96 anos de história do Clube Atlético Mineiro”.

Como amante da Palavra, apologeta da fé cristã e apreciador de obras literárias, logo me interessei por esse livro, e quando passei a fazer a leitura do mesmo, fiquei estarrecido com algumas colocações do autor e verifiquei a superficialidade bíblica da ‘obra’ e a paixão exagerada de seu autor por um simples time de futebol. Mediante a isto, expressarei nas próximas linhas a minha opinião sobre tais colocações que ao meu ver são erradas e sem fundamento bíblico; todavia, farei isto não com o intuito de denegrir a imagem do autor, pois, além de não conhecê-lo pessoalmente, não sou juiz e inquiridor de ninguém, além do mais, acredito que ele escreveu tal obra fazendo uso apenas do lado da paixão.

O livro começa apresentando o pr. Toninho, a data de sua conversão, como largou um bom emprego em prol da obra de Deus, os lugares onde pastoreou, sua família e onde ele pastoreia atualmente; já na página 7, no primeiro parágrafo da seção de dedicatória e agradecimentos, o autor foi feliz ao dedicar e agradecer a Jesus por seu primeiro livro, e para isto afirmou: “É digno de toda glória e que nos salvou do “rebaixamento eterno” com seu sangue derramado lá na cruz”.

Tal afirmação expressa coerência bíblica, o sábio disse em (Provérbios 15:24) – “Para o entendido, o caminho da vida leva para cima, para que se desvie do inferno em baixo”. A verdade é que, se não fora o Senhor, nós seríamos rebaixados eternamente, e este rebaixamento ao contrario do futebol brasileiro, seria irreversível, ou seja, não haveria volta à primeira divisão. Na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) pode até existir ‘virada de mesa’, entretanto na CC (Confederação Celestial) quem foi ‘rebaixado’ não volta mais; exemplificando: veja as palavras de Abraão na parábola do rico e Lázaro: “E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá”. (Lucas 16:26)

Em segundo lugar, a afirmativa diz que fomos salvos do rebaixamento, mediante ao sangue de Jesus derramado na cruz, portanto, nós fomos salvos, não por um pênalti mal marcado pelo juiz, e nem tampouco por compra de resultados, malas pretas, etc; fomos salvos pelo sacrifício vicário de Cristo. Podemos dizer, aleluia! “ A nossa alma escapou, como um pássaro do laço dos passarinheiros; o laço quebrou-se, e nós escapamos”. (Salmo 124:7)

Entretanto, particularmente, além do testemunho de sua conversão e desta afirmação analisada anteriormente, não consegui extrair mais nada de bom no livro, pois o restante, somente me serviu para a elaboração deste artigo. Vejamos:

No capitulo primeiro, na página 16, ao tentar responder a pergunta: Deus se mistura com o futebol? O autor não titubeou em dizer que sim, e para se defender ele usou o texto de (Atos 27:34) que diz: “porque nem um cabelo cairá da cabeça de qualquer de vós”. Ora, além de tirar este texto fora do seu contexto, o autor desconhece a vontades permissiva de Deus, que mesmo sendo o controlador do universo, respeita o livre-arbítrio humano; responder a pergunta com este texto é classificar Deus como fatalista futebolístico. Será que Deus também predestinou o São Paulo para ser campeão em 2008?

Depois, para piorar ele citou o texto do capitulo 17 de João, onde Jesus pediu a Deus para que não tirasse seus discípulos do mundo, mas que os livrasse do maligno. Outra vez o autor tirou o texto do contexto para associá-lo ao futebol, esquecendo-se de que, o que leva um time de futebol a se dar bem no campeonato não é a intervenção divina, mas, a qualidade do plantel, a estrutura do clube, a capacidade do treinador, etc.

No nono capitulo, na página 46, quarto parágrafo, o pastor Antônio Brandão Campos, fez uma analogia entre o possível rebaixamento do Atlético e o naufrágio do Titanic: “Se o dono do Titanic impediu Deus de salvar a grande embarcação por ter tido que nem Deus o afundaria, com o Atlético foi diferente. Esse grande time, de uma imensa torcida, teve por seu capitão alguém que, colocado por Deus, abriu a porta para que o Evangelho fosse levado a bordo da nau e, juntos, invocamos ao Senhor, que operou um grande milagre”.

Mais uma vez ele errou em associar o Evangelho à salvação futebolística. Acredito que a explanação da Palavra de Deus pode ter produzido motivação no grupo de jogadores, agora dizer que Deus operou um grande milagre, simplesmente pelo fato deles terem ouvido o Evangelho... “Santo exagero!”.

Finalmente, no último capitulo do livro, na página 52, ao tentar responder a existência de cristãos nos demais times do campeonato e, com certeza em times que foram rebaixados, ele disse: “...a resposta desta pergunta eu não vou expor aqui de jeito nenhum, pois a guardo como um tesouro para ver o meu time, ainda muitas vezes, vencer e ser campeão...”. Como se pode notar, uma resposta vaga e descabida, de alguém que como pastor falou como torcedor. A verdade é que Deus jamais ajudaria o Atlético a fugir da segunda divisão e lançaria “Criciúma, Guarani, Vitória e Grêmio” na mesma.

Para encerrar a minha analise, transcreverei a seguir mais duas aberrações que ele escreveu, na página 53 (falando do último jogo: Atlético 3 X São Caetano 0), e estas são tão descabidas, que faço questão de nem comentar.

“O resultado do jogo foi três a zero! Um gol para o Pai, um gol para o Filho e um gol para o Espírito Santo de Deus!”.

“Para nós, o dia do jogo foi, com certeza, o dia em que o Senhor vestiu a camisa do nosso time!”

Mal sabia, o dileto pastor que Deus ia “trocar de time” e lançar já no próximo ano (2005) o Clube Atlético Mineiro na segunda divisão. (rs, rs, rs)

Obs. Ao contrário do pr. Toninho, a cada apito inicial do juiz, no lugar de orar: “Livrai-nos da Segunda Divisão! Oro: Livrai-nos Senhor da Superstição!”.

Que a graça de Deus sempre superabunde em nós!


Pr. Sylas de Souza Neves


[1] Frase extraída do livro: Respostas Evangélicas a religiosidade brasileira, editora vida Nova, São Paulo, 2004, p. 139


Bibliografia:

Campos, Antônio Brandão: Livrai-nos da segunda divisão, amém!. Editora Fé, Belo Horizonte, MG – 2005, 56p.